Consumo da droga que aprisiona usuário na primeira experiência rompe as barreiras policiais e se torna um problema de saúde pública
Uma epidemia aos poucos devassa vidas em Santa Catarina. Médicos especialistas, voluntários de clínicas terapêuticas, servidores da saúde e da segurança pública estão alarmados com o crescimento da dependência do crack entre crianças, jovens e adultos.A droga barata - um subproduto da cocaína - , de fácil acesso, sem cheiro, de efeito imediato, aprisiona pacientes e seus familiares, e expõe as fragilidades do controle a um mal que surgiu na metade da década de 90 e espalhou-se de maneira assustadora."Houve um avanço em dobro nos últimos dois anos do número de pacientes envolvidos com crack. Há principalmente casos encaminhados por juízes. A maioria são adolescentes, mas também há alcoolistas entre 30 e 40 anos que passaram a experimentar o crack", ilustra Marcos Zaleski, médico psiquiatra do Instituto de Psiquiatria de SC (IPQ), em São José, na Grande Florianópolis.O IPQ é a única instituição pública do Estado que recebe pacientes com dependência química. Os outros espaços são privados, que funcionam por convênios com as Prefeituras.Os "crackeiros" são considerados os pacientes mais agressivos e traumáticos de droga. Assim como têm a sensação prazerosa extrema ao usá-la, sofrem de abstinência violentíssima, maior do que a da cocaína e maconha. Por isso, há real necessidade de uma estrutura própria para tratar usuários do crack, modelo que existe nos Estados Unidos e traria resultados imediatos aos pacientes.Nas edições de domingo, segunda-feira e terça-feira, AN revela como o crack afeta vidas, a esperança da salvação e a falta de estrutura na saúde pública.Corrimão, Placa, Begor e Caixote tinham saúde, família, emprego. Terminaram atraídos pelo crack. Mergulharam no vício rapidamente, perderam tudo e todos. Até a dignidade ameaçou ficar para trás, num misto de vergonha e falta de auto-estima. Marcelinho matou duas pessoas para ter a droga.Os cinco são prisioneiros do crack. Marcelinho está preso. Os demais passam dias, ou melhor, horas, na luta contra os efeitos da abstinência. Querem deixar o passado, mas sabem que o perigo está em toda parte. Internados no Lar Recanto da Esperança, na Capital, em busca de recuperação, o convívio entre um e outro parece difícil. Mas é nesse laço que ganham força. A história desses catarinenses não pode ser ignorada. Afinal, o pesadelo anda pelas ruas.
Droga de periferia
O crack é feito a partir da pasta-base de cocaína, como resultado de restos do refino. Os produtores descobriram que poderiam vendê-la sem o caro refino dominado por impérios de traficantes com poderio econômico. Aos poucos, ele invadiu a periferia colombiana e chegou aos usuários, em geral de baixa renda.
Nome vem do estalo
A mistura e aquecimento da pasta-base da cocaína com bicarbonato de sódio resulta no preparado sólido que é quebrado a fim de ser fumado. O crack recebeu este nome porque faz um pequeno estalo na combustão, quando fumado. Os efeitos surgem em 10 a 15 segundos e duram no máximo 15 minutos.
diogo.vargas@an.com.br
DIOGO VARGAS FLORIANÓPOLIS
Fonte: Jornal a noticia 01/06/2008
Uma epidemia aos poucos devassa vidas em Santa Catarina. Médicos especialistas, voluntários de clínicas terapêuticas, servidores da saúde e da segurança pública estão alarmados com o crescimento da dependência do crack entre crianças, jovens e adultos.A droga barata - um subproduto da cocaína - , de fácil acesso, sem cheiro, de efeito imediato, aprisiona pacientes e seus familiares, e expõe as fragilidades do controle a um mal que surgiu na metade da década de 90 e espalhou-se de maneira assustadora."Houve um avanço em dobro nos últimos dois anos do número de pacientes envolvidos com crack. Há principalmente casos encaminhados por juízes. A maioria são adolescentes, mas também há alcoolistas entre 30 e 40 anos que passaram a experimentar o crack", ilustra Marcos Zaleski, médico psiquiatra do Instituto de Psiquiatria de SC (IPQ), em São José, na Grande Florianópolis.O IPQ é a única instituição pública do Estado que recebe pacientes com dependência química. Os outros espaços são privados, que funcionam por convênios com as Prefeituras.Os "crackeiros" são considerados os pacientes mais agressivos e traumáticos de droga. Assim como têm a sensação prazerosa extrema ao usá-la, sofrem de abstinência violentíssima, maior do que a da cocaína e maconha. Por isso, há real necessidade de uma estrutura própria para tratar usuários do crack, modelo que existe nos Estados Unidos e traria resultados imediatos aos pacientes.Nas edições de domingo, segunda-feira e terça-feira, AN revela como o crack afeta vidas, a esperança da salvação e a falta de estrutura na saúde pública.Corrimão, Placa, Begor e Caixote tinham saúde, família, emprego. Terminaram atraídos pelo crack. Mergulharam no vício rapidamente, perderam tudo e todos. Até a dignidade ameaçou ficar para trás, num misto de vergonha e falta de auto-estima. Marcelinho matou duas pessoas para ter a droga.Os cinco são prisioneiros do crack. Marcelinho está preso. Os demais passam dias, ou melhor, horas, na luta contra os efeitos da abstinência. Querem deixar o passado, mas sabem que o perigo está em toda parte. Internados no Lar Recanto da Esperança, na Capital, em busca de recuperação, o convívio entre um e outro parece difícil. Mas é nesse laço que ganham força. A história desses catarinenses não pode ser ignorada. Afinal, o pesadelo anda pelas ruas.
Droga de periferia
O crack é feito a partir da pasta-base de cocaína, como resultado de restos do refino. Os produtores descobriram que poderiam vendê-la sem o caro refino dominado por impérios de traficantes com poderio econômico. Aos poucos, ele invadiu a periferia colombiana e chegou aos usuários, em geral de baixa renda.
Nome vem do estalo
A mistura e aquecimento da pasta-base da cocaína com bicarbonato de sódio resulta no preparado sólido que é quebrado a fim de ser fumado. O crack recebeu este nome porque faz um pequeno estalo na combustão, quando fumado. Os efeitos surgem em 10 a 15 segundos e duram no máximo 15 minutos.
diogo.vargas@an.com.br
DIOGO VARGAS FLORIANÓPOLIS
Fonte: Jornal a noticia 01/06/2008
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