A falta de espaços para tratamento
Secretário de Saúde admite que profissionais da área não estão treinados para atender a usuários de drogas
Os hospitais resistem em abrigar pacientes infratores e usuários de drogas, em especial do crack. Na terceira e última reportagem da série "Os prisioneiros do crack", "A Notícia" mostra que esse é um dos fatores que piora a falta de tratamento para dependentes químicos em Santa Catarina.O secretário estadual da Saúde, Luiz Eduardo Cherem, reconhece a dificuldade para ampliar a capacidade hospitalar e de internação desses pacientes. Mas ele prefere não explicitar as razões. "É difícil encontrar, por exemplo, um município que queira um Centro de Internamento Provisório (CIP)", lamenta Cherem, que apesar disso afirma estar próximo de assinar convênio com mais três hospitais particulares para tratar usuários de drogas.A resistência das instituições deve-se principalmente ao fato de o usuário do crack ser considerado um paciente problemático. A coordenadora do setor de álcool e drogas da Secretaria de Estado da Saúde, Maria Cecília Heckrath, constatou que profissionais da saúde, principalmente da rede ambulatorial do Sistema Único de Saúde (SUS) e da educação, precisam ser capacitados para aprenderem a lidar com o "crackeiro"."Os serviços não acompanharam o atendimento dessa demanda, que do ano passado para cá tornou-se mais visível", observa Maria Cecília. Ela sugere uma mobilização interinstitucional entre órgãos da saúde, educação, segurança, assistência social e a sociedade para conter o problema.A Secretaria de Estado da Saúde não tem estatísticas de overdose ou mortes por crack em SC, o que dificulta as ações de prevenção. Para agravar a situação, 36 conselhos municipais de entorpecentes, os Comens, estão desativados por falta de incentivos.Pós-graduado em dependência química, o psiquiatra Marcos Zaleski, do Instituto de Psiquiatria de SC, calcula que o tratamento ideal de um paciente de crack leve um ano. A recaída está presente na maioria das vezes, o que exige o prolongamento do tempo.Segundo ele, há necessidade de isolar esse tipo de usuário por dez dias, pois a fissura pela droga é alta. Zaleski atendeu casos de quem já consumiu até 40 pedras num único dia. Além de convulsões, ataques cardíacos e lesão cerebral, há riscos de delírios, surtos psicóticos, hepatite e overdose.( diogo.vargas@an.com.br )
DIOGO VARGAS FLORIANÓPOLIS
Fonte: http://www.clicrbs.com.br/anoticia/jsp/default2.jsp?uf=2&local=18&source=a1929025.xml&template=4187.dwt&edition=9992§ion=891
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